O sonho de muitos investidores focados em renda passiva é viver exclusivamente dos dividendos recebidos de sua carteira de ações. No entanto, para que isso seja possível, é fundamental que esses proventos sejam consistentes e suficientes para cobrir todas as despesas. Melhor ainda se os pagamentos ocorrerem com regularidade.

O primeiro ponto a ser considerado é o tamanho do rendimento. Muitos investidores priorizam a escolha de ações que oferecem um alto dividend yield (taxa de retorno com dividendos), pois isso pode indicar uma remuneração mais vantajosa no ano seguinte. No entanto, essa estratégia não é infalível, pois depende de fatores como a rentabilidade da empresa e o comportamento do mercado.

Mas como garantir que os dividendos sejam pagos regularmente? E essa regularidade é realmente tão importante? Embora a frequência dos pagamentos não seja o principal critério para a escolha de uma ação, ela desempenha um papel significativo, especialmente para investidores iniciantes, que estão na Bolsa há poucos anos.

Receber proventos frequentes ajuda a manter a confiança e o entusiasmo do investidor. “Para quem busca renda passiva, é essencial investir em empresas que tenham um histórico sólido de distribuição de dividendos ao longo dos anos”, destaca Fabio Baroni, sócio-fundador do Ações Garantem o Futuro.

Como identificar empresas com dividendos frequentes?

Determinar quando uma empresa vai distribuir dividendos pode ser um desafio, pois esses pagamentos dependem do lucro contábil registrado em determinado período. Além disso, não há uma regra fixa que defina datas específicas para esses repasses. No entanto, é possível analisar o histórico de distribuição das companhias.

Para ajudar os investidores a identificarem as empresas que oferecem dividendos de maneira mais regular, um levantamento analisou os pagamentos de proventos realizados nos últimos cinco anos, entre dezembro de 2017 e dezembro de 2023. A seleção considerou apenas companhias que realizaram distribuições com frequência maior do que trimestralmente e que apresentaram uma menor variação nos valores pagos, de acordo com o coeficiente de variação (CV) – um indicador que mede a regularidade da distribuição de dividendos.

Com base nessa metodologia, as 10 empresas que mais se destacaram pela constância nos pagamentos foram:

• Itaú Unibanco (ITUB3; ITUB4)

• Bradesco (BBDC3; BBDC4)

• Banestes (BEES3; BEES4)

• Itaúsa (ITSA3; ITSA4)

• Santander (SANB3; SANB4; SANB11)

• Taesa (TAEE3; TAEE4; TAEE11)

• Banco do Brasil (BBAS3)

• Banrisul (BRSR3; BRSR5; BRSR6)

• BMG (BMGB4)

• B3 (B3SA3)

O que levar em conta ao montar uma carteira de dividendos?

Se o objetivo é montar uma carteira que garanta pagamentos mensais de dividendos, especialistas recomendam priorizar empresas de setores considerados resilientes, que historicamente apresentam forte geração de caixa. Essa estratégia também se aplica para quem busca ações que, mesmo sem distribuições mensais, tenham um histórico confiável de pagamentos.

Outro ponto relevante é a taxa de dividend yield. Alguns analistas consideram um percentual de 4% a 6% ao ano como um patamar atrativo, pois garantiria um retorno médio de 0,5% ao mês. Já outros especialistas indicam que o ideal é superar a taxa Selic, que, quando está em dois dígitos, torna-se um referencial desafiador para muitas ações na Bolsa.

“Não basta olhar apenas para as empresas que mais pagaram dividendos no último ano ou que têm um histórico positivo. É preciso analisar se a companhia continua gerando caixa suficiente para manter os pagamentos no futuro. Nem sempre uma distribuição elevada indica uma boa escolha, pois pode significar que a empresa não tem mais oportunidades para reinvestir seu capital”, explica Enrico Cozzolino, head de análise da Levante.